Budiões em Libras: acessibilidade e inclusão na Ciência

04.14.2025

A língua é uma ponte para o conhecimento, e na comunidade surda, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) é essencial para democratizar informações. Pensando nisso, o professor Wolney Gomes Almeida, doutor em Educação, docente de Libras na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e intérprete certificado pelo MEC, liderou a criação de sinais para as espécies de budiões em Libras. A iniciativa visa garantir acessibilidade linguística em espaços educativos, científicos e profissionais, onde o estudo da fauna marinha é fundamental.

“Esse projeto está alinhado com a Linguística Aplicada crítica, a educação inclusiva e o reconhecimento das línguas de sinais como instrumentos plenos de expressão”, explica Wolney, que também é pós-doutor em Educação Especial e especialista em diversas áreas, incluindo Libras e neurociências.

A equipe responsável pelo desenvolvimento dos sinais reuniu professores de Língua Portuguesa para surdos, estudantes surdos de um centro de apoio pedagógico e o próprio professor Wolney. “Os sinais em Libras não são impostos, mas construídos com a participação ativa da comunidade surda, por meio de oficinas, pesquisas colaborativas e projetos de extensão. Isso fortalece a natureza visual e comunitária da língua”, destaca.

A Libras é viva e em constante evolução, e a criação de sinais para espécies de peixes amplia seu vocabulário técnico-científico, tornando-a mais funcional em diferentes áreas do saber.

Marina Tischer, gerente do Projeto Budiões — ação de pesquisa e conservação patrocinada pela Petrobras — ressalta a importância da iniciativa: “A preservação dos budiões, sobretudo do budião-azul, espécie ameaçada, depende de ações conscientes de todas as esferas da sociedade. Incluir a comunidade surda nesse debate fortalece nossos esforços”. O projeto atua na proteção dos budiões e seus habitats em todo o litoral brasileiro.

A difusão de novos sinais em Libras envolve articulação entre práticas comunitárias, acadêmicas e políticas linguísticas. Embora não haja obrigatoriedade de registro público, a legitimação desses termos passa pelo uso e reconhecimento da comunidade surda — um passo fundamental para uma ciência mais acessível e inclusiva.