Pesquisa aponta que áreas marinhas protegidas são insuficientes para garantir funções ecossistêmicas

02.07.2024

Estamos enfrentando uma grave crise de biodiversidade, com várias espécies sendo ameaçadas de extinção devido às atividades humanas. O desaparecimento delas pode ter impactos significativos nas funções ecológicas dos ecossistemas. Por exemplo, os budiões são conhecidos como os “jardineiros” dos recifes de corais, pois, ao se alimentarem de algas, proporcionam condições favoráveis para o assentamento e crescimento dos corais. Se essa função ecológica for comprometida, corremos o risco de perder os recifes de corais, substituindo-os por algas. 

Uma estratégia eficaz para combater essa crise de biodiversidade é a implementação de áreas marinhas protegidas. Pesquisadores do Projeto Budiões – iniciativa patrocinada pela Petrobras – e associados à Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) conduziram um estudo para avaliar se essas áreas são suficientes para conservar a diversidade funcional de peixes, ou seja, a diversidade de atividades ecológicas (como por exemplo: forma de alimentação, habito de vida, dentre outros) desenvolvidas pelos peixes durante sua vida. Suas conclusões revelaram que as áreas marinhas protegidas existentes ainda são insuficientes para garantir as funções ecossistêmicas nos recifes de corais, principalmente devido à falta de representação adequada de diferentes habitats. O artigo foi publicado pelo Journal of Environmental Management, uma das principais revistas de gerenciamento de recursos naturais do mundo.

Diante desse cenário, surge a pergunta: o que pode ser feito? Uma solução apontada pelos pesquisadores é a expansão tanto em número quanto em tamanho das áreas marinhas protegidas, levando em consideração as funções ecossistêmicas. “Propusemos o uso de uma abordagem abrangente da paisagem submarina, denominada “seascape” (paisagem marinha, em livre tradução), na qual governos, comunidades, sociedade civil e setor privado colaboram para viabilizar a proteção e o manejo sustentável de diversos habitats marinhos, indo além das fronteiras convencionais. Essa abordagem integrada visa garantir a preservação efetiva da biodiversidade marinha e a manutenção das funções vitais dos ecossistemas”, explica o cientista Ramón Hernández-Andreu, doutor em Ecologia e Conservação da Biodiversidade pela UESC. Um resumo da pesquisa pode ser acessado por meio do link https://rb.gy/0l6mua.